Agora a mão direita de unhas femininas e bem cuidadas toca a xícara. O dedo indicador penetra o aro e a delicada porcelana que envolve o café é levantada, chegando aos lábios pintados, porém sem brilho algum.
Eu sinto o café esquentar a minha garganta. E o nó que há nela, também.
Vejo a silhueta da moça através de uma janela antiga. A xícara de café colada nos lábios. A mão esquerda apertando a toalha de mesa.
Muda a cena.
O dia estava nublado. O par de sapatos Oxford, parado. Eu o vi baixar os olhos, franzir a testa, pedindo alguma explicação. Girou os calcanhares e seus passos voltaram de onde vieram.
A mão dela relaxou e, em desistência, deixou a xícara cair, manchando a toalha de mesa branca. A mão esquerda largou a toalha.
Ela baixou os olhos. Franziu a testa e perguntou por quê.
Ele foi embora de onde ele nunca chegou. Ela pôs a mão nos lábios. Eu acordei com falta de ar. Baixei os olhos, franzi a testa e perguntei: Por quê?
lindíssimo poema! cara, vcs precisam publicar esses textos,são muito bons e de uma sensibilidade grandiosa. adorei e o melhor foi criar toda a cena enquanto lia. abraço
ResponderExcluirhttp://cenaplanosequencia.blogspot.com/